terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Liberdade


Trechos retirados do livro de Rollo May, O Homem a procura de si mesmo, capítulo V - Liberdade e Força Interior, tema - «Optar por si Mesmo».

"Ah, do solo eu brotei
E saudei a terra com tal grito
Que ninguém conhece, exceto quem
Estava morto e ressuscita."
(Renascence - Edna St. Vincent Millay)



 “O passo fundamental para a conquista da liberdade interior é «optar por si mesmo». Esta estranha expressão de Kierkegaard afirma a responsabilidade de cada um pelo próprio self e a própria existência. É a atitude oposta ao impulso cego ou à existência rotineira; é uma atitude de vivacidade e decisão; significa que a pessoa reconhece existir naquele determinado ponto do universo e aceita a responsabilidade de sua existência. Isto é o que Nietzsche queria dizer com sua «vontade de viver» – não apenas o instinto de auto conservação e sim a decisão de aceitar o fato de que a pessoa é ela mesma, com a responsabilidade de cumprir o próprio destino, o que, por sua vez, implica em aceitar o fato de que cada qual deve fazer suas próprias opções fundamentais.”



“A pessoa aceita a responsabilidade da própria vida, não como algo a que está preso, uma carga que lhe foi imposta, mas como um valor por ela escolhido. Pois essa pessoa agora existe em resultado de uma decisão pessoal. Não há dúvida que quem pensa compreende teoricamente que a liberdade e a responsabilidade andam juntas: quem não é livre é um autômato e, é evidente, não tem responsabilidade, e se não pode ser responsável por si mesmo não pode ter liberdade. Mas quando se faz uma opção «pessoal», esta união de liberdade e responsabilidade torna-se mais do que uma ideia agradável. A pessoa experimenta-a em sua própria pulsação. Ao optar por si mesma torna-se cônscia de ter escolhido, conjuntamente, a liberdade pessoal e a responsabilidade.”

“A pessoa a aceita não porque receba ordens – pois quem poderia mandar em alguém que estava livre para acabar com a própria vida? – mas porque decidiu com maior liberdade o que pretende fazer da vida, e a disciplina é necessária em vista dos valores que deseja alcançar. Esta autodisciplina pode ter nomes complicados – Nietzsche a chamava de «amor ao próprio destino», e Spinoza falava de «obediência às leis da vida». Mas, ornada ou não de nomes fantasiosos, é, julgo eu, uma lição que todos progressivamente aprendem na luta pela conquista da maturidade.”



"E finalmente, como resultado do suicídio parcial, talvez esclareça suas metas e chegue a sentir uma alegria mais pronunciada, que advém de realizar as próprias potencialidades, descobrir e ensinar a verdade conforme ele a vê, acrescentando sua contribuição única e pessoal, resultante da própria integridade, e não da sujeição à fama."





(O Homem a procura de si mesmo – Rollo May)



EU SOU!