Trechos retirados do livro de Rollo May, O Homem a procura de si mesmo, capítulo V - Liberdade e Força Interior, tema - «Optar por si Mesmo».
"Ah, do solo eu brotei
E saudei a terra com tal grito
Que ninguém conhece, exceto quem
Estava morto e ressuscita."
(Renascence - Edna St. Vincent Millay)
“O passo fundamental para a conquista da liberdade
interior é «optar por si mesmo». Esta estranha expressão de Kierkegaard afirma
a responsabilidade de cada um pelo próprio self e a própria existência. É a
atitude oposta ao impulso cego ou à existência rotineira; é uma atitude de
vivacidade e decisão; significa que a pessoa reconhece existir naquele
determinado ponto do universo e aceita a responsabilidade de sua existência.
Isto é o que Nietzsche queria dizer com sua «vontade de viver» – não apenas o
instinto de auto conservação e sim a decisão de aceitar o fato de que a pessoa
é ela mesma, com a responsabilidade de cumprir o próprio destino, o que, por
sua vez, implica em aceitar o fato de que cada qual deve fazer suas próprias opções
fundamentais.”
“A pessoa aceita a responsabilidade da própria vida,
não como algo a que está preso, uma carga que lhe foi imposta, mas como um
valor por ela escolhido. Pois essa pessoa agora existe em resultado de uma
decisão pessoal. Não há dúvida que quem pensa compreende teoricamente que a
liberdade e a responsabilidade andam juntas: quem não é livre é um autômato e,
é evidente, não tem responsabilidade, e se não pode ser responsável por si
mesmo não pode ter liberdade. Mas quando se faz uma opção «pessoal», esta união
de liberdade e responsabilidade torna-se mais do que uma ideia agradável. A
pessoa experimenta-a em sua própria pulsação. Ao optar por si mesma torna-se
cônscia de ter escolhido, conjuntamente, a liberdade pessoal e a
responsabilidade.”
“A pessoa a aceita não porque receba ordens – pois
quem poderia mandar em alguém que estava livre para acabar com a própria vida? –
mas porque decidiu com maior liberdade o que pretende fazer da vida, e a
disciplina é necessária em vista dos valores que deseja alcançar. Esta
autodisciplina pode ter nomes complicados – Nietzsche a chamava de «amor ao
próprio destino», e Spinoza falava de «obediência às leis da vida». Mas, ornada
ou não de nomes fantasiosos, é, julgo eu, uma lição que todos progressivamente
aprendem na luta pela conquista da maturidade.”
"E finalmente, como resultado do suicídio parcial, talvez esclareça suas metas e chegue a sentir uma alegria mais pronunciada, que advém de realizar as próprias potencialidades, descobrir e ensinar a verdade conforme ele a vê, acrescentando sua contribuição única e pessoal, resultante da própria integridade, e não da sujeição à fama."
(O Homem a procura de si
mesmo – Rollo May)
EU SOU!