Sobre Abuso de Poder Policial
e o Valor dos Direitos Humanos em Notas de 20.
ATO I, Cena I - A Entrada Triunfal
Porco da Tática Nº1, o elétrico: "Mão na cabeça, os dois. Cade a tatuagem de cadeia?"
(estalo da costura da blusa e do sutiã estourando)
Porco 1: "Vou dar choque dentro da buceta dessa vagabunda hoje..."
Porco da Tática Nº2, o subordinado: "Pense bem, você vai aguentar mas ela não."
Porco 1: "Eu não saio daqui enquanto não der um choque na sua buceta!"
Porco 2: "Por que você passou o tiozinho, quem mandou? Responde senão quem sofre é ela."
Porco 1: "Os dois pro chão! Sentem no canto, de perna aberta. Pegue o cabo da tv pra mim por favor que eu vou dar um choque no pinto dele."
(barulho de chutes)
Demais porcos da Tática: realizavam procedimentos.
ATO I, Cena II - O Interrogatório do Sr. D.
Porco 1: "Cadê o dinheiro do assalto?"
Porco 2: "Por que você foi matar o cara?"
Porco da Tática Nº3, o pervertido: "Vocês estavam transando antes da gente entrar?"
Porco 1: "Cadê a arma?"
Porco 2: "Se não foi você então quem matou?"
Porco 1: "Vou jogar água nos dois e dar choque!"
Porco 2: "Você aguenta, mas ela não."
Porco 1: "Levanta dai!"
(entre tapas e socos fui jogada pra fora da casa)
ATO I, Cena III - O Depoimento
Porco 2: "Sai dai que eu preciso revistar"
(um banheiro minusculo)
Porco 1: "Era pra você ficar lá, não mandei sair, senta no chão com a mão na cabeça!"
Porco 3: "Por que você não quer admitir que vocês tavam transando?"
Porco 2: "Cadê a arma do Sr.D.?"
Porco 1: "Você conhece ele faz tempo?"
Porco 2: "Faz quanto tempo que você chegou aqui?"
Porco 1: "Você fumaram maconha ai dentro?"
Porco 2: "Tinha mais alguém aqui com vocês?"
Porco 1: "Você conhecia o dono do bar, que morreu com um tiro na cabeça?"
Porco 3: "Se não tavam transando tava fazendo o que na casa dele?"
Porco 1: "Cadê suas coisas?"
ATO II, Cena I - A Chegada do Porco Militar Conhecido
Todos os 8 porcos da Tática: Fingem realizar procedimentos por cerca de 10 minutos.
ATO II, Cena II - As Acusações
Porco 1: "Seu namorado matou uma pessoa."
Porco 3: "Eu olhei pela janela do quarto e vi você na cama dele."
Porco 1: "Só tá apanhando por que a gente ia entrar atirando pra matar mas com você ai não dá."
Porco 2: "Seu namorado assaltou uma loja e o parceiro dele já se entregou."
Porco 1: "Você tem cara de quem gosta de apanhar. Entra de volta!"
ATO II, Cena III - Estupro Simulado
Porco 1: "Senta no chão que agora nós vamos descobrir onde tá o dinheiro."
(Porcos 1 e 2 chutaram minhas pernas até eu cair enquanto os demais reviravam a casa)
Porco 1: "Tira o cabo daquela vassoura ali que agora ele vai se entregar."
Porco 2: "Você aguenta, com ela vai ser pior."
Porco 1: "Vou dar choque e paulada na sua buceta, no seu cu e ainda vou beliscar suas tetas."
Porco 3: "Você já tava dando a buceta pra ele mesmo, por que pra mim não?"
Porco 1: "Vou levar essa vagabunda la pro colchão..."
(e foi seguido por outros 5 porcos que tentaram abafar meu grito de socorro na direção da janela)
ATO III, Cena I - Caça ao Tesouro
Porco 1: "Fica em pé ai. Acharam algum dinheiro?"
Porco 2: "Vintão atras da tv, tem mais umas notas dentro do fogão, no travesseiro, uma papel do banco aqui e um relógio..."
Porco 1: "Taca no chão, se for de mentira quebra e se for de verdade é nosso."
Porco 2: "A gente só quer o dinheiro, se você contar onde tá o resto nós vamos embora."
Porco 1: "Traz o cabo de vassoura,,,"
Porco 3: "Vou deixar no jeito pra entrar mais fácil."
Porco 1: "Mas já tá se cagando? Busca ela lá pra ver isso aqui."
Porco 3: "Tá vendo o que tá acontecendo com seu namorado? Tá sangrando já."
Porco 1: "Olha pro chão, onde ele tá. Aquilo ali embaixo é merda e a mancha na parede é sangue..."
ATO III, Cena II - Prisão
Porco 1: "Você não acredita que seu parceiro te entregou? Então olha ele aqui."
(mais porcos entram na casa com o primeiro suspeito do assalto já algemado)
Porco 2: "Você tem que chamar essa menina de santa por que ela salvou sua vida."
Porco 1: "A gente ia te matar e dizer que foi resistência à prisão."
Porco 2 entrou no quarto quebrando o cabo de vassoura em pedaços pequenos, quebrou também o espelho e a tv com um martelo.
Porco 1: "Você como mulher sabe quando um homem ta mentindo. Olha bem no meu olho e diz se você tem alguma duvida de que eu ia matar ele aqui dentro?"
(bateu com um pedaço de madeira no meu pescoço)
Porco 2: "Qual é seu grau de escolaridade?"
Porco 1: "Superior incompleto na Unesp? Certeza que fazia curso de maconheiro, deve ser psicologia."
Porco 2: "Você tem algum dinheiro?"
(me tirou da casa)
"Porco 1: "Agora eu vou parar de bater senão se apaixona."
ATO III, Cena III - Rolê de Blazer São-Paulina Acinzentada
Porco 1: "Você vai pra delegacia dar depoimento como testemunha. Amanha é um novo dia e nada do que você viu aqui aconteceu."
(Decidiram que iria no carro em que o porco 2 estava, onde havia um escudo à prova de balas sugerindo que poderia haver troca de tiros durante a próxima ação, que era capturar o terceiro suspeito. Tive a impressão que eles deram muitas voltas no mesmo lugar muito escuro e cheio de mato, na cidade vizinha, até chegar no bairro onde o próximo "alvo" estaria. Não o encontraram.)
Porco 2: "Tá tudo bem ai atrás?"
Porco 1 abriu a "porta" e ao ver a tatuagem anarquista na minha perna perguntou se era de verdade.
Porco 2: "Vamo nessa então? A vida é assim todo dia, uns inteiros e outros nem tanto. Pra delegacia."
ATO IIII, Cena I - O Meu Interrogatório
(na delegacia um porco da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar anotava meus dados)
Porco 1: "Por que você é rebelde desse jeito?"
Porco 1: "Vou te fazer uma pergunta e você responde se quiser. Você prefere transar com mulheres ou homens?"
Porco 1: "Seu pai é rico?"
Porco 3: "E ai, transou ou não transou com o Sr. D.? Transou que eu sei, tirei ate foto."
Porco 1: "Deixa eu te fotografar senão você volta pro camburão."
Porco 1: "Você votou em quem na última eleição? Você tem um perfil de uma pessoa de esquerda."
Porco 1: "Você já foi fichada ou esteve em uma delegacia?"
Porco 1: "Que tipos de livros você costuma ler e qual foi o último?"
Porco 1: "Autor russo, ai, ta vendo? É de esquerda."
(concluiu erroneamente a respeito de Dostoiévski)
Porco 1: "Por que uma pessoa com o seu nível intelectual dá atenção pra esse tipo de gente?"
Porco 1: "Me descreve o que você fez no dia do crime."
Porco 1: "Onde você treina muay thai? Quem é o professor?"
Porco 1: "Porco 2 dá um Costa Combat pra ela."
Porco 3: "Certeza que é muay thai fitness, de dancinha."
Porco 1: "Agora que eu reparei que eu te bati a noite toda e você não tem uma marca sequer. Você se defendeu, eu podia ter batido mais Porco 2, ela aguenta."
Porco 1: "Você é uma pessoa fria e calculista que responde tudo de caso pensado, não gaguejou em nada mas sua liberdade está nas minha mãos."
Porco 1: "Você sabe direcionar o dialogo pra onde quiser, conversa calma... a gente gosta de quem fala manso. Se não fosse tudo isso a gente podia ser amigos."
ATO IIII, Cena II - O Chá Gelado de Cadeira e o Porco Amigo
(acredito que tenha se passado cerca de 2 horas que ninguém mais dirigia a palavra a mim e eu continuava sentada do lado de fora vendo clarear o dia e passando muito frio quando notei que havia outro rosto conhecido entre os Porcos e comecei a ouvir uma voz de mulher dizendo que chamaria uma "advogada do diabo".)
ATO IIII, Cena III - Final.
Advogada do Diabo, também conhecida: "Oi."
(Porco 2 nesse momento deixa escapar o nome do Porco 1, Danilo. e mais uma hora se vai até que eu entre na delegacia sob pretexto de estar passando muito frio do lado de fora)
Delegada, dona da voz de mulher: "O que você tá fazendo aqui? Você já pode ir embora, não devia ter ficado aqui. Vai que eu to te liberando."
Advogada do Diabo: "Tchau!"
06/12/2016
***
Obs: Hoje descobri que o Porco 1 tem no peito uma medalha da ONU e trabalha em operações de inibição à exploração sexual.
Obs¹: Nunca houve provas do envolvimento do Sr. D. em assassinato.
Obs²: Nós nunca fomos namorados ou qualquer coisa parecida.
Obs³: Conosco não foi encontrado nenhum tipo de arma, drogas ou qualquer coisa que nos comprometesse.
