"A vida é sempre primavera, sem eixo, e sem fim."
(Aleister Crowley)
Sou uma marionete que aprendeu a gostar das próprias cordas.
Samael ainda dorme, estou presa às suas pupilas e não me mover faz parte do jogo. Eu moro na via mais escura, dentro da mente dele, e caminho por ela como se não houvesse nenhum mal. Ao acordar ele me liberta, saio pela íris e o brilho dela torna-se um espelho onde me vejo deitada, no meu semblante uma espécie de transe, fixação.
Beijo o seu pescoço e sinto o coração dele pulsar na minha garganta, o cheiro do sangue vivo e morno é intenso, nesse momento somos um. Eu me alimento das vísceras dele, quero me aquecer usando a sua pele e ficar bêbada de saliva enquanto meu corpo gelado treme, finalmente sinto que suas asas me envolvem e suas pupilas dilatam convidando-me a retornar.
— Essa noite eu sonhei com você — com a voz meio rouca, disse ele enquanto enrolava meus cabelos em uma toalha. E me beijou no rosto.
Texto dedicado ao meu quinto anjo e parceiro