segunda-feira, 11 de abril de 2016

A Respeito da Lona Vermelha

 Ou sobre gostar muito de olhos castanhos


"Exilado no chão, em meio a corja impura
As asas de gigante impedem-no de andar"
(Charles Baudelaire)


 Eu não queria escrever, não. Eu não queria mas uma força muito maior que "eu" está há quatro dias implorando como se fosse a sua ultima gota de água no deserto, em miragem.
  Disse Nietzsche em "Além do Bem e do Mal" que Epicuro fazia piada de Platão chamando os platônicos de dionysiokolakes, significando algo como servos de Dionísio, que acabou se tornando uma denominação popular para ator. 
  Você sempre está na minha platéia e eu desvio a caminhada pra passar pela tua janela. Palhaços são dissimulados, sim, mas o vermelho e preto me cai bem e remete ao anarquismo social; a rua é o picadeiro e no caos sou kamikazze. A peça em questão é um monodrama quase mudo sobre baralho: a carta curinga desempenha qualquer função no jogo, por isso às vezes me apresento como dama. Durante o espetáculo eu me esquivo da maldade pensando em poesia pra pixar no seu caminho. 



  Ps: Eu sabia que não dava pra evitar o susto.